Pesquisa de fauna da Serra do Mar ajuda a encontrar melhor trecho para a Nova Ferroeste

Estudo de impacto ambiental entra na terceira fase. Os resultados vão servir de base para o projeto de engenharia da estrada de ferro. A ideia, sempre que possível, é que os trilhos acompanhem o traçado da BR-277 na Serra do Mar.

Quando os biólogos entraram na floresta para instalar armadilhas, a geada ainda cobria a maior parte da vegetação. Eles se concentram em sons, movimentos e pistas, assim como detetives procurando sinais de vida pulsante na floresta. Redes, baldes e caixas são dispostas em diferentes formas e finalidades, na esperança de capturar os animais que vivem na Serra do Mar na zona rural de São José do Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

A distância de extensão selecionada para esta análise é próxima à BR-277 e é um dos locais que Nova Ferroeste deve passar. Este é o terceiro evento faunístico a elaborar estudo de impacto ambiental (EIA / Rima) do projeto que ligará o estado de Mato Grosso do Sul ao porto de Paranaguá. O trabalho é realizado pela Fundação de Pesquisa Econômica (Fipe) e é contratado pelo governo do estado para apurar e analisar os dados.

Raphael Santos, biólogo coordenador do grupo, reforça a necessidade de estudos como esse durante as quatro estações do ano devido a mudança de hábito dos animais e da migração de diversas espécies, em especial as aves. “É importante fazer esse controle de comportamento para analisar as oscilações que acontecem nas populações ao longo do ano. Não é uma situação idêntica ao longo dos 12 meses”, disse.

Assim que os raios de sol começam a esquentar a floresta, são as aves que arriscam os primeiros voos e aos poucos os passarinhos se enroscam nas redes. Nesta quarta-feira (21) um trepadorzinho, comum em áreas da serra com araucárias ficou preso nas redes, os animais ficaram acomodados em sacos de algodão fechado com um cordão até passarem pela triagem.

Os biólogos realizam a triagem sobre a estrada de terra, em uma mesa de metal com alguns banquinhos de plástico, nessa mesma mesa que são medidos e classificados antes da soltura e que agora, esses animais contam com uma identificação presa ao corpo. O menor animal capturado do dia foi um beija-flor de apenas 3 gramas.

Os restos de coquinhos de uma palmeira indicam a presença de esquilos. O serelepe, nativo da Mata Atlântica, faz um furo em formato de triângulo na casca até alcançar a polpa. Um monte de fezes repleto de pelos e um caminho largo aberto na floresta são o sinal de que uma anta também circula pelo local. Os biólogos se orientam pelos sons, o contato visual e vestígios como restos de comida e excrementos para indicar a presença dos animais.

Mesmo com a pesquisa de campo, algumas espécies só aparecem para as câmeras. Seis aparelhos foram instalados para quatro dias de análises nos locais estudados. Foi assim que eles registraram o inusitado encontro entre um gambá e um puma adulto. Depois do susto, cada um seguiu seu caminho na noite escura.

“Como tem bastante alimento por aqui, já registramos espécies de gato-do-mato e de puma. Encontramos as pegadas e gravamos imagens em vídeo”, complementou a bióloga Emanuelle Pasa.

O grupo estuda aves, mamíferos (terrestres e voadores), répteis, anfíbios e peixes. Com essas informações coletadas, os biólogos tem referências de como desenhar o traçado da ferrovia. A ideia é que os trilhos acompanham o traçado da BR 277 na Serra do Mar. Em alguns pontos a tipografia vai exigir a construção de túneis e pontes e em outros o contorno de morros para que haja a inclinação necessária para garantir a segurança no transporte de cargas.

“Nós ajustamos o estudo de engenharia aos dados prévios do impacto ambiental. Essas informações nos orientam quanto ao melhor local para passar com os trilhos”, afirmou Luiz Henrique Fagundes, coordenador do Plano Estadual Ferroviário.

“A Serra do Mar é o trecho mais importante de todos, é onde está concentrada a maior riqueza de espécies de todo o traçado da ferrovia. Também é onde está o maior número de espécies ameaçadas e endêmicas por ser a principal área de Mata Atlântica do Paraná”, acrescentou Santos.

Esta é a primeira parada da campanha de inverno. Agora a equipe segue para Balsa Nova, também da RMC. Cada etapa dura 32 dias e os biólogos vão percorrendo oito pontos do Paraná e do Mato Grosso Sul.

As aves são os animais encontrados em maior quantidade. Levantamento apontou que serão 818 espécies ao longo dos 1.285 quilômetros da futura ferrovia. Nas duas primeiras etapas, foram descobertas 417 espécies, algumas das quais estão ameaçadas de extinção.

O EIA / Rima da Nova Ferroeste mostrará fotografia da diversidade de animais, plantas e componentes do solo. As comunidades indígenas e quilombolas também foram estudadas. O relatório final indicará por onde o animal poderá circular para permitir que ele se mova e diminua o risco de atropelamento. Os biólogos avaliarão o impacto e os descreverão em termos de cada grupo de animais, especialmente aqueles que estão em perigo.

“O impacto é diferente para cada espécie por usarem ambientes distintos. Quando temos um empreendimento desse porte, afetamos não somente o predador, mas principalmente a presa. Quando tiramos a presa, anulamos a possibilidade desse animal sobreviver aqui”, disse a bióloga Emanuelle Pasa.

Uma alternativa é a construção de passagens embaixo dos trilhos com túneis e manilhas. Uma cerca-guia ajuda a orientar os animais a seguir para esses locais. Para os primatas, gambás e esquilos que vivem na copa das árvores serão construídas estruturas suspensas.

“Foi feito um levantamento de todas as localidades onde essas passagens de fauna são necessárias para que se evite colisões expressivas. Selecionamos os pontos prioritários e nesses lugares são indicados todos os modelos de passa fauna que devem ser instalados. Tudo isso consta no relatório que ainda estamos elaborando”, arrematou Raphael Santos.

WRTVBr & Edilson Ales Sempre com VOCÊ!

Fonte: Agência de Notícias do Paraná.

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